Buscapé

24 de março de 2012

Acidente de Muamba reacende a importância de exames periódicos

Jogador sofreu uma parada cardíaca em campo e já passa bem. Após morte de Serginho, em 2004, Brasil se tornou referência de prevenção

O recente acidente com o meio-campo Fabrice Muamba, do Bolton, alertou jogadores e clubes na Inglaterra para os cuidados com a saúde dos atletas. Em 2004, uma história parecida aconteceu nos gramados brasileiros e se tornou referência no assunto. Vítima de uma parada cardíaca, Serginho, do São Caetano, caiu em campo e não resistiu. Aquele dia comoveu o país e revolucionou o tratamento dos jogadores brasileiros, como explica o diretor científico do CREMERJ, Serafim Borges.
- No Brasil, a gente já vem, há alguns anos, tentando padronizar as avaliações chamadas de pré-participação em todos os clubes da série a e b. A grande preocupação é de avaliar o atleta e ter certeza que ele possa participar sem que ele tenha um evento, como aconteceu recentemente com esse jogador de 23 anos, na Inglaterra. A gente observa que o atleta não estava avaliado - disse Serafim.
No dia 17 de março, em um jogo válido pela Copa da Inglaterra, o coração do volante Muamba também parou. Um pronto-atendimento impediu a morte do jogador, mas evidenciou uma falha em uma das principais ligas do mundo. Após esse acidente, o brasileiro Sandro, meio-campo do Tottenham, afirmou que o clube fez uma avaliação de seus atletas.
- No Tottenham a gente não costuma fazer (exames). Agora, acho que todo mundo já vai fazer todos os anos porque aconteceu isso e a gente tem que ficar de olhos abertos. Logo após o acontecimento, no outro dia já fizemos todos os exames, tinham uns três médicos lá e depois do treino todos os jogadores ficaram para fazer exames - disse Sandro.
Segundo o doutor Serafim Borges, a primeira provável causa de morte de atletas abaixo de 35 anos é uma doença chamada cardiomiopatia hipertrófica, que atinge uma em cada 500 pessoas, de acordo com a Organização Mundial de Saúde. Ela se caracteriza pela dilatação da espessura do músculo cardíaco, que é considerada normal se medir até nove milímetros. Acima disso, cresce o risco de arritmias que podem levar a parada cardíaca. Em indivíduos de até 40 anos, a morte súbita pode ser o primeiro sintoma. No caso de Muamba, o órgão ficou parado por mais de uma hora e ele só sobreviveu graças aos aparelhos hospitalares que mantiveram o fluxo sanguíneo até o cérebro.
- Na hora que o coração para de bater o fluxo é interrompido imediatamente. Só que, dentro de uma abordagem rápida, você tem um tempo de início das medidas de ressuscitarão cardiopulmonar e nesse momento se tem uma readmissão do fluxo. É claro que não dentro da eficiência fisiológica de um coração bombeando normalmente, mas dentro de uma condição mínima necessária para a manutenção das condições básicas que o cérebro necessitaria para se manter em uma condição de viabilidade.
Recentemente, Renato Abreu, do Flamengo, se submeteu à uma cirurgia para corrigir uma arritmia cardíaca apontada durante um teste ergométrico de rotina. O atleta, de 33 anos, passou por uma ressonância magnética cardíaca, um exame de Holter (eletrocardiograma que dura 24 horas) e uma intervenção cirurgica que durou mais de três horas. Ele ainda não voltou aos gramados. Todas essas precauções foram tomadas para evitar o pior.


Antes do acidente com o jogador do Bolton, a Europa já tinha dois alertas de que a saúde dos atletas precisava de mais atenção. As mortes do húngaro Miklos Fehér, que atuava pelo Benfica em 2004, e do camaronês, Marc-Vivien Foe, durante a Copa das Confederações no ano anterior. A falta de atenção dos clubes europeus chama a atenção de Serafim.
- Surpreende um país de primeiro mundo, que tem uma medicina evoluída, um fato desses atletas não terem sido bem avaliados. Se faz o eletrocardiograma, você acaba detectando essa doença e você afasta o indivíduo

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